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A inocente experiência de Criar

A inocente experiência de Criar
Elen Simone Milek
Dec. 3 - 6 min read
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Em uma pesquisa sobre criatividade, inovação e treinamento, deparei-me com uma interessante leitura: Criatividade Levada à Sério do autor Edward de Bono. Em especial, um dado me chamou atenção. Segundo o autor, existem duas fontes de criatividade: a inocência e a experiência. Na época, essa frase me conduziu a uma viagem no tempo lembrando-me de vários episódios da minha infância, inspirou minha trajetória profissional colaborando para esculpir meu papel de Diretora de Treinamento nas Organizações e me instigou a buscar uma metodologia capaz de proporcionar um aprendizado efetivo.

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Ora, se uma das fontes da criatividade é a inocência e esta é condição sine qua non da criança, logo, todos nós carregamos, em algum lugarzinho de espaço interno, essa característica, pois todos nós já fomos crianças. Em posse de tal inocência, por que, então, fica tão difícil acreditar que somos todos criativos? Talvez a resposta para esta questão possa ser uma breve reflexão sobre onde se esconde a inocência.

Sabemos que, conforme crescemos, somos instrumentalizados por  conceitos culturais que nos são ensinados para que possamos sobreviver ao meio em que estamos inseridos e possamos assim desenvolver a sensação de pertencimento aos nossos iguais.

Códigos de condutas, valores, crenças, padrão de modelo mental nos são transmitidos por conta de se manter a tradição cultural, mitos familiares e até mesmo, para nos proteger do perigo.

 A audácia passa ser um risco, coragem é característica rara e inocência é para os tolos...

Um balde de água fria na inocência e por consequência, na criatividade. Congela-se aí uma das sementes da criatividade na tentativa de produzir cidadãos bem encaixados socialmente e fora de perigo. Um paradoxo, pois mais tarde, para que possamos ter uma vida quente, com impacto de transformação, é juntamente dessas características que vamos precisar: a audácia de ser inocente no ato de criar!!

Pois bem, ainda baseado na afirmação de Bono, a outra fonte de criatividade é a experiência. Ufa, uma esperança para os menos inocentes.

E como sempre fui daquelas que vivi “perigosamente” criando, entendi que poderíamos fazer da experiência um espaço de resgate para a criatividade.

Experiência trata-se de um aprendizado que acontece por meio dos sentidos.

Colocar o indivíduo em contato com conceitos teóricos sobre qualquer assunto oportuniza o aprendizado de 20% daquilo que se pretende conhecer. Já, experienciar um conteúdo, estimulando a inspiração emocional, conduzida para uma entrega afetiva e seguida por um esforço intelectual, mobiliza transformação de conhecimento em 80%. É um enlace potente entre ser e saber. À medida que se aprende sobre o assunto, também se conquista um novo nível de desenvolvimento pessoal.

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Eurekal!! Cá estava a solução: levar para todos os lugares experiências bem estruturadas para potencializar a espontaneidade e criatividade dos participantes e resgatar a beleza inocente no ato de criar!

Essa foi a minha inspiração profissional. Busquei conhecimento e formação para sistematizar a ação de ensinar a espontaneidade e criatividade.

Estava no Psicodrama algumas respostas importantes. Psicodrama é uma abordagem teórico-metodológica que estuda as relações sociais por meio da ação. Quem conduz um encontro psicodramático é o diretor que, por meio de passos metodológicos bem definidos, proporciona um espaço de ação livre onde o sujeito se sente à vontade para apresentar-se sem máscaras, criando novas soluções para antigas situações.

Moreno, pai do Psicodrama, acredita que o homem carrega em si uma centelha divina tornando-se assim co-responsável na criação da realidade em que se deseja viver.

Saíamos da condição de vítima daquela sociedade “segura” que tentaram nos encaixar, para a condição de protagonista da vida que queremos ter.

Fazia necessário então, encontrar um cenário potente para a realização de experiências impactantes. Comecei pensar onde as pessoas passavam a maior parte do seu tempo, e lendo algumas pesquisas, descobri que entre as principais características da sociedade moderna está a de ser primordialmente voltada para o trabalho, a produção e o consumo e ainda que o brasileiro passa, pelo menos, 44 horas semanais trabalhando.

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Frente a esses dados, entendi que para encorajar um estado de protagonização no indivíduo, as organizações tornar-se-iam um ótimo nicho e ensinar estratégia e ferramentas organizacionais por meio de treinamentos que também estimulasse a criatividade consistiria em um combo de soluções: indivíduos mais felizes no trabalho, relações profissionais mais significativas e soluções mais criativas para eternos problemas de convivência.

Treinar por meio da experiência psicodramática faz com que cada participante tenha a possibilidade de fazer contato com a inocência da criança criativa, encontrando soluções simples e de grande impacto para o seu entorno.

Levar treinamentos criativos para dentro das empresas foi o jeito que encontrei de ensinar os adultos a autonomia empreendedora que o ato de criar exige, o que considero caminho sem volta para o futuro do trabalho.

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Segundo cita Peter F. Drucker no livro Inovação e Espírito Empreendedor, a ideia criativa é um processo tanto conceitual como perceptual. Portanto, criar é sair para olhar, sentir, perguntar e ouvir.

O que aprendi com tudo isso? Criatividade é uma habilidade treinável e para se conquistar tal condição é importante viver experiências que potencializa a luz que brilha dentro e, inocentemente, sem julgamento nenhum, iluminar o mundo com uma marca divinamente autoral, protagonizando novas soluções e colaborando para construir uma nova sociedade. 

 

Conteúdo produzido por Elen Milek 

 

 

 


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